10/08/2010 17h06 - Atualizado em 10/08/2010 17h58
Mais de 35% acreditam que a educação forma bons cidadãos
Índice de Valores Humanos de Educação é de 0,54 no Brasil.
Dado avalia vivências de alunos, professores e famílias nas escolas.
Quase 36% (35,7%) dos brasileiros acreditam que a educação tem a finalidade de formar bons cidadãos, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O dado faz parte do terceiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasileiro 2009/2010, divulgado nesta terça-feira (10).
O Relatório de Desenvolvimento Humano Brasileiro 2009/2010 apresenta políticas de valor nas áreas de família, escolas e trabalho, ou seja, traz propostas do que o cidadão pode fazer nesses âmbitos para um cotidiano melhor. O documento deve ser encaminhado a universidades e órgãos do governo para estimular, segundo Flávio Comim, economista do Pnud Brasil e coordenador do Relatório, uma discussão aberta sobre os aspectos levantados.
Índice avalia opinião da população sobre saúde, educação e trabalhoMetade dos brasileiros acha que atendimento de saúde é demoradoSul é região com melhores vivências no trabalho, diz PnudNo setor da educação, o levantamento perguntou aos alunos, famílias e professores qual a finalidade do estudo. Para 30,5% dos entrevistados, a educação é importante para conseguir um emprego. Já 23,3% das pessoas acreditam que os estudos formam uma boa pessoa; e 10,5% acreditam que a educação é importante para uma boa vida.
"A educação é uma variável com poder de transformação social, então perguntamos para cada um desses grupos [alunos, famílias e professores] qual a finalidade da educação. Se apenas para conseguir um emprego, ou se contribui para o desenvolvimento do cidadão", diz Comim.
Relatório
O primeiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasileiro 2009/2010 foi o Brasil Ponto a Ponto, que pretendia estimular o debate sobre o que a população espera de mudanças para uma vida efetivamente melhor. Já o segundo foi o Mostre Seu Valor, que ajudou a definir os valores mais importantes para a população brasileira.
Esses estudos foram fundamentais, segundo Comim, para a elaboração das questões que seriam respondidas na constituição do IVH, o Índice de Valores Humanos. O indicador, que é inédito, também divulgado nesta terça, pretende traçar o perfil da população brasileira nas áreas de saúde, educação e trabalho, segundo a percepção da própria população.
O IVH-Educação avalia as vivências dos alunos, famílias e professores nas escolas do país, abrangendo tanto instituições públicas quanto particulares, sem distinção.
O IVH-Educação no Brasil é de 0,54. Sul e Sudeste têm as melhores vivências no setor, com índice de 0,55. Centro-Oeste tem IVH-Educação de 0,54; Nordeste, de 0,53; e Norte, 0,47.
O Índice de Valores varia de 0 a 1, sendo maior o valor mais próximo de 1. O cálculo é baseado em entrevistas feitas pelo Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope, com mais de 2 mil pessoas. A pesquisa foi feita de forma amostral em 148 cidades.
Espaço atrativo nas escolas
O relatório utiliza a percepção da população para apontar medidas que melhorem as vivências nas escolas. Segundo Flávio Comim, entre os caminhos sugeridos estão a melhoria no espaço físico das escolas, para favorecer a experiência coletiva entre os estudantes.
"O material traz práticas, orientações de como a família pode contribuir para reduzir a violência e melhorar a relação com a escola. Uma das soluções propostas é organizar tempos e espaços para permitir que os pais estejam mais presentes e envolvidos na rotina dos filhos. A família é fundamental para o desempenho das crianças na escola", diz o economista.
Para promover melhores relações e resultados nas escolas, o relatório propõe medidas simples, como chamadas pelo nome, atividades esportivas e jogos cooperativos. "Tudo isso resgata a inclusão, a diversão e desperta o interesse do aluno pelo ambiente escolar. Estamos abrindo caminhos, apontando soluções. Cabe a nós informar", afirma.